quinta-feira, novembro 17, 2005

Aprensivo III


Alguém escreveu que ia haver mais títulos com a palavra “apreensivo” neste blog. Parece que não errou. Hoje, abri a “Tribuna”, folhei-a, e cheguei à página 12. No topo da página, um artigo intitulado “A ponta do iceberg”, assinado por Paulo Tojeira, chamou-me a atenção e deixou-me algo “apreensivo”. Não me interessa se a mobília que tinha sido encomendada pelo candidato do PS para o gabinete de presidente da Câmara custou mil contos (cinco mil euros). É só um pormenor. Os nossos ministros passam o tempo a fazê-lo. Agora, quando falamos em mentiras, o cenário é diferente. Em Junho, escrevi neste “blog” que o alargamento da zona industrial de Casal da Lebre foi um dos grandes fracassos dos 12 anos de “governação PS. Na época, a Câmara garantia que existia acordo com o Governo. Mas agora, cerca de cinco meses depois, a cor da autarquia mudou e a história também. Afinal, parece que não há “terrenos para o alargamento da zona industrial”, segundo o artigo acima referido. É verdade que a Câmara PS sempre disse que faltava o secretário de estado ratificar o protocolo. Uma coisa que, aparentemente, não foi conseguida em cinco meses. Estranho!
Mas ainda há mais. Parece que cerca de três anos depois de ter assumido com o Industrial Desportivo Vieirense o compromisso de comparticipar as infra-estruturas desportivas do clube, através de transferências mensais, o anterior presidente da Câmara, Álvaro Órfão, no último dia de mandato, decidiu enviar o processo para o Tribunal de Contas se pronunciar. Estranho, no mínimo. Só três anos depois se detectou uma irregularidade?
O texto ainda refere problemas com as Etar’s por falta de manutenção e o desaparecimento de computadores e pastas de alguns gabinetes.
Exigem-se explicações?

terça-feira, novembro 15, 2005

Precisa-se de matéria-prima para construir um País

Este texto é, pelo que me disseram, de Eduardo Prado Coelho e foi publicado no jornal “Pùblico”. Não fala sobre a Marinha Grande. Mas não somos assim tão diferentes dos outros portugueses. Talvez sejamos um pouco mais reivindicativos e mais empreendedores, porém, no essencial, não somos muito diferentes.

“A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier
depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é
o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país
onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não
pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.

Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está
sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito
para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "matéria-prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos,
essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos
escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim,
porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...

Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima
defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não
serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e
por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação,
então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio
que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com
o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.

Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!

Eduardo Prado Coelho - in Público

quarta-feira, novembro 02, 2005

Os pelouros

O executivo camarário da Marinha Grande toma posse, hoje, no Salão Nobre da Câmara Municipal. Ainda há muita coisa a definir, mas há já pelouros atribuídos. Pela primeira vez na história recente do município, o vereador do PSD recebe pastas de grande importância e visibilidade. Aqui ficam os pelouros já definidos e os vereadores a quem vão ser atribuídos.

Barros Duarte, presidente (CDU) – coordenação geral, gestão financeira. gestão de pessoa, e representação externa

Alberto Cascalho, vice-presidente (CDU) – cultura, educação, desporto, desenvolvimento económico, urbanismo e obras particulares

João Pedrosa (CDU) – acção social e juventude

Artur Pereira (PSD) – obras públicas, transportes e comunicações

Consta que o pelouro dos cemitérios será atribuído ao PS, mas, como parece óbvio, os socialistas não vão aceitar.