sexta-feira, agosto 05, 2005

Dor

O último estudo sobre as florestas portuguesas realizado por uma entidade estatal remonta a 1972. Alguns dos que escrevem neste blog, ainda não eram nascidos.
Portugal está a extinguir a sua reserva florestal, a imolá-la pelo fogo e pela incompetência. Há uma semana que o ar está irrespirável em Lisboa. A juntar à poluição e ao calor abrasador, a cinza cai como neve sobre os carros e as mesas das esplanadas, tornando a vida insuportável. As pessoas abanam com a cabeça resignadas enquanto ouvem dizer que agora é em Mafra, agora é na Malveira, agora é na Arrábida. Quem é de fora diz que lhe arderam uns pinhais nas Beiras, na Serra, na terra. Eu não tenho pinhais, tenho o pinhal da minha terra que já pertenceu ao rei, ao Marquês e à fábrica. Hoje é de todos nós e se ele um dia se extinguir, como se de uma espécie de ser verde se tratasse, parte de mim vai com ele.
Está na altura de os amigos do pinhal se organizarem e em conjunto com as entidades competentes começarem a agir. A Circunscrição Florestal, o vestígio de um passado onde a floresta ainda contava alguma coisa, passou à história. Talvez fosse interessante redesenhar o mapa das florestas protuguesas para que o Pinhal de Leiria voltasse a ser uma competência nossa. Talvez ele possa ser classificado área protegida, parque natural, reserva de oxigénio. Talvez se possa fazer alguma coisa. Enquanto é tempo.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

nada disso!devemos sim queimar tuuudo!assim depois na havera mais nada para queimar!

10:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A dor não seria maior sendo uma Parque Natural ?
Já agora promovemos os bombeiros a forças especiais da Paz. Que tal?

10:54 da tarde  
Blogger Unknown said...

Eu quero ser um "amigo do pinhal"! Assino isso!

2:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu assino os dois... Venham eles!

9:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A classificação de determinada área em zona protegida não é necessariamente a solução.
A solução passa pela real inventariação e organização de uma base de dados das zonas florestais, pontos de água, estradas, acessos e linhas de corta-fogo, pelas autoridades locais, com instrumentos SIG, com vista à promoção da gestão florestal sustentável e defesa da floresta contra incêndios.
Mas acima de tudo está a limpeza da mata. E quando se fala de limpeza não é só de lixo que se fala mas também do mato e ramagem que representam um autêntico rastilho em caso de fogo.
Hoje passei pela MG a caminho de S. Pedro e logo no início da estrada para as matas está uma faixa amarrada a dois pinheiros que diz qq coisa do género: “vamos manter a floresta limpa”. Exactamente na área onde está esta dita faixa há mato seco até ao joelho… e assim por diante…
Se calhar um abaixo-assinado de nada servirá mas uma ida dos “amigos do pinhal” á mata com umas foices e ancinhos e outros instrumentos do género seguramente que teria mais resultados. Nem que fosse para mostrar a quem de competência que os marinhenses (e não só!) estão realmente preocupados e dispostos a ajudar para preservar o que é de todos. Juntava-se o útil ao agradável – dar visibilidade ao problema enquanto se ajuda a solucioná-lo.

E depois o que fazer com o “mato” retirado?
Tecnicamente chamamos-lhe “biomassa florestal” que pode ser transformada em energia térmica e eléctrica, trazendo importantes benefícios sociais, económicos e ambientais. Por exemplo, pode ser usada como combustível auxiliar numa cimenteira ou outro tipo de indústria que funcione com fornos e caldeiras (a vidreira!!).
Além disso, contrariamente à energia produzida com recurso a combustíveis fosseis, na combustão de biocombustíveis a quantidade de dióxido de carbono (CO2) libertada equivale à quantidade retirada do ar durante o crescimento da biomassa nos anos anteriores, motivo pelo qual se considera como neutra para o ambiente a queima de biomassa. Ou seja, a utilização da biomassa florestal como combustível permite ir de encontro às metas definidas no Protocolo de Quioto.
No caso português, a meta definida para 2008-2010 de não aumentar a emissão de gases de efeito de estufa (GEE, como o dióxido de carbono, por exemplo) em mais de 27% relativamente aos valores de 1990, foi ultrapassada em 2000, com 31% de emissões. Na prática, o nosso país já gastou o crédito de emissões e terá agora que fazer um esforço suplementar para reduzi-las em, pelo menos, 4%.
É claro que também existem condicionantes ao uso da biomassa florestal mas as vantagens são evidentes, principalmente na perspectiva da gestão florestal.

Mas para a implementação destas medidas, como para tudo, é preciso dinheiro!!
No âmbito do sector florestal existe já uma série de Planos e Programas de Acção para o sector que proporcionam apoios financeiros a projectos de gestão florestal e prevenção de incêndios.
Ora, a CM da Marinha grande pode muito bem elaborar uma candidatura a um destes incentivos.
Por exemplo, o Despacho Normativo n.º 35/2005, que aprova o Regulamento do Programa de Apoios a Conceder pelo Fundo Florestal Permanente em 2005-2006, prevê apoios financeiros para projectos das seguintes áreas:
a) Prevenção e protecção da floresta contra incêndios;
b) Promoção do ordenamento e gestão florestal;
c) Reestruturação fundiária, emparcelamento e aquisição de terras;
d) Promoção de sistemas de gestão florestal sustentável e certificação;
e) Investigação aplicada, demonstração e experimentação.

E será que mesmo com eleições à porta e incêndios por toda a parte se pensou neste assunto?
Quanto à limpeza da mata pelos “amigos do pinhal” podem contar comigo! O abaixo-assinado pode estar incluído na iniciativa…
PS: deixei de ser “Anonymous” a partir de hoje!!!

9:59 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo espaço de discussão que você criou. Gostei mesmo.

11:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Apoio vivamente os post na Filipa e Liliana. Também quero participar na limpeza da mata e nos percursos pedestres. Não basta criar as condições para a prática dos despostos referidos, há que as utilizar para as manter.

11:39 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Pegando no post da filipa onde ela fala sobre a faixa pendurada por cima da estrada à saída de S.Pedro, resta-me acrescentar que a entidade que promove essa acção descrita na mesma " Vamos manter a Floresta limpa" é a MacDonald's.
É bom ver que a multinacional responsável pela obesidade de milhares de pessoas em todo o mundo, apesar de não se interessar muito com a saúde de todos os seus imensos clientes se preocupa com as florestas... tão bunitu!

2:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A MacDonald's não pôs a faixa porque se preocupa com a floresta, mas para lembrar quem vai passear que no regresso deve ir comer um Menu Mac qualquer coisa.

3:49 da tarde  

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