quarta-feira, agosto 03, 2005

Carta aberta ao Ministério da Saúde

Parece que a iniciativa da Liliana começa adar resultado

“Exmos. Senhores,

O meu nome é Liliana de Sousa dos Santos e sou habitante da Marinha Grande, uma cidade com mais de 30.000 habitantes, cuja caracterização a nível de Saúde e do seu posto médico poderão confirmar na página
Centro de Saúde da Marinha Grande
A razão que me leva a escrever a V. Exas. é o facto de numa cidade como a nossa não existirem os serviços mínimos em funcionamento como por exemplo, um aparelho de raio X, o qual obriga a enviar os utentes ao Hospital Santo André em Leiria para serem radiografados, sobrecarregando os serviços de Urgência.
A segunda razão pela qual me dirijo a V. Exas. é para procurar uma resposta e uma solução para aquilo que acontece diariamente e, há já vários anos no nosso Posto Médico: as pessoas vão cada vez mais cedo para conseguirem uma consulta, inclusivamente vão para lá dormir! A foto foi tirada hoje (26 Julho) pelas 19:09 H. Para mim é inconcebivel que num país da Comunidade Europeia sejam marcadas as consultas para o médico de família desta forma! Não consigo perceber por que razão todos sem excepção fecham os olhos e encolhem os ombros a esta situação! Mais grave se torna, porque algumas pessoas que lá se encontram fizeram da marcação de consultas um modo de vida: guardam a vez para o médico e vendem a quem lhas comprar e o que é certo é que têm compradores!
Eu considero esta situação extremamente grave, e mais grave ainda por não ver vontade política para resolver este assunto, que se arrasta e piora de ano para ano!
Como contribuinte para a Segurança Social não tolero que os meus descontos sejam tão mal geridos e que as pessoas à frente dos lugares de responsabilidade não resolvam problemas tão sérios como este.
Fico a aguardar um comentário da parte de V. Exas., agradecendo desde já o vosso esforço para resolver de vez esta situação.”


Enviei esta carta para os responsáveis da Saúde da Mª Grande , de Leiria, para o Governo Civil e com cópia para todos os jornais dos quais encontrei contacto, televisão e para os grupos parlamentares da Assembleia da República.
Como já tinha referido, 3 partidos políticos - BE, PCP e PSD - responderam e agora uma jornalista do jornal "O Independente" contactou-me para falar sobre este assunto.
Ora como eu acho que este é um problema nosso e não é só meu, acho que não devemos deixar fugir esta oportunidade, já que se começaram a agitar as àguas. Ajudem-me a ajudar-nos! Vamos iniciar uma campanha para mudar isto. Que tal irmos passando quando calha durante a noite frente ao posto médico fazer a "contagem" e documentar com fotos se possível para termos provas; mais pessoas enviarem as mesmas queixas para tudo quanto é comunicação social, partidos políticos, dirigentes da Saúde, Presidente da República, União Europeia, vale tudo nesta guerra contra o péssimo serviço público na Saúde.
Temos é de ter provas se não acontece como aqui há algum tempo que um utente de Alcobaça apareceu na televisão com a mesma queixa e quando os jornalistas foram ao posto médico havia vagas para toda a gente, havia médicos sem doentes e era tudo um paraíso!
Primeiro tratem-nos da Saúde, e depois que venha o TGV, a Ota o que seja!
Posso contar convosco?

Liliana

16 Comments:

Blogger mg said...

Todos Somos Poucos

http://marinhagrande2006.blogspot.com/2005/07/carta-aberta-ao-ministrio-da-sade.html

1:20 da tarde  
Blogger Cão com Pulgas said...

Curvo-me diante da tua coragem e iniciativa.
Portugal não precisa só de melhores políticos, precisa essencialmente de melhores cidadãos.
És um bom exemplo. Admirável!

7:49 da tarde  
Blogger Bruno Monteiro said...

Concordo...
Portugal precisa de melhores cidadãos, isso com certeza dava origem a melhores políticos, um natural paralelismo.

Bom exemplo...
Já agora, obrigado por estares presente... aqui e da outra vez no auditório.
Até um dia.

8:21 da tarde  
Blogger Bruno Monteiro said...

A questão é de fácil compreensão...
Há tanta coisa por fazer, por arranjar, por melhorar, etc... Esta é "apenas" mais uma.

1:29 da manhã  
Blogger Unknown said...

Gostava de saber o que pensa o sr. candidato J.P.Pedrosa acerca deste assunto.
No blog M.G.2006 referiu que publicou um artigo sobre este assunto e que foi fortemente reprimido. Parece-me que um artigo no JMG não é suficiente para mudar alguma coisa e surpreende-me que uma reprimenda feita pelo mesmo meio o tenha demovido da causa. Sinceramente também não sei o que é necessário para tratar um problema destes, ou por outro lado, quais são (ou quem são) os impedimentos para a resolução deste problema. Ninguém melhor que um futuro presidente da autarquia para nos esclarecer, certo?

É que este não é "apenas" mais um problema para resolver. Trata-se de um dos principios mais basico de uma sociedade moderna : O direito à saude.

2:16 da tarde  
Blogger Bruno Monteiro said...

O “apenas” entre aspas foi escrito assim para não se confundir com um simples apenas... Claro que este problema é mais graves que muitos outros.

2:58 da tarde  
Blogger ++!++ said...

Bruno :
A teoria de que "só existe melhores políticos se existir melhores cidadãos" é a perigosa ideia que os políticos gostam de fazer passar...

A realidade é que isso lhes convém para que nos seus discursos se refiram frequentemente "ao país que temos" e outras expressões altivas do género
...desculpam-se assim pelas suas incompetências e retiram ao cidadão comum a razão.

Eu como Português e cidadão não admito isso!!!!!

Não admito que qualquer político se refira ao seu próximo dessa maneira repugnante e arrogante cuspindo no prato que lhe dá de comer, que o elegeu...e não me venham com altruismos de servir o País...Nunca vi nenhum Presidente do Conselho Administr. duma multinacional a dirigir-se aos seus accionistas dessa maneira (Porque será??????)

É hora de lucidez e de racionalidade...de perceber que de facto só os políticos têm o poder para criar condiçoes para mudar mentalidades e por isso digo:

só existem melhores cidadãos se houver políticas com forte cariz civico e moral, tendo como pedra basilar o Amor...

As políticas têm que ser quantificadas matematicamente e não me venham com subjectividades e programas eleitorais vagos com leituras múltiplas abrindo as portas a argumentações demagógicas....tudo se mede...
Não vejo um Partido Político Português a fazê-lo...Porquê?
Embrulham-se nas contas....Porra estou farto!Nem na merda dos orçamentos acertam.....
ACORDEM!!!!!!!!!!!!!

Vejo-os demasiados preocupados com o económico...e isso dói...o que estamos todos a sentir é uma dor..

7:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Claro que se a generalidade dos cidadãos fosse esclarecida e interveniente, os políticos teriam que ser mais competentes.
Temos políticos medíocres porque a esmagadora maioria das pessoas prefere acomodar-se na sua ignorância, comendo tudo o que lhes dão!
A política funciona numa lógica de mercado – a oferta traduz a procura.
Ora, se as populações reivindicassem realmente o seu direito a “saúde, pão e educação” o estado do país seria outro.
Mas não basta reivindicar.
Também é preciso que se saiba o que é ser cidadão afinal.
E acham que a maioria o sabe?!
Egoísmo, preconceito, comodismo, falta de ética, moral e civismo são algumas das características do “cidadão” português.
Só se preocupa com o que o afecta directamente e no momento presente (tem memória curta para o passado e quanto ao futuro logo se vê!).
E não me digam que estou a exagerar ou a desvalorizar o meu país e os meus compatriotas. É um triste facto que tenho vindo a constatar na minha experiência pessoal (e profissional). Preferia continuar na minha inocência a acreditar de que as pessoas gostam e querem ser esclarecidas e activas nos seus direitos.
Já que pegam pela politica, basta ver as taxas de abstenção nos actos eleitorais. E durante o período de campanha quantos conhecem de facto os programas eleitorais.
Não se iludam!
O trabalhador quando chega a casa quer é ver um qualquer programa de televisão que não o faça pensar, esquecer-se do dia merdoso que passou e depois dormir para aguentar mais um dia de trabalho. E ao fim-de-semana ver umas lojas, dar um passeio de carro e beber uns copos. Quer lá saber de mais preocupações. Alguém há-de fazer! Alguém há-de reivindicar por ele!
E aqueles que não têm de trabalhar para sobreviver não se preocupam com coisas banais. Aliás, a maioria destes assuntos até lhes passa ao lado, porque está bem longe da sua realidade. Médico de família? Transportes públicos? Direito à educação tendencialmente gratuita? Ordenado mínimo? Falta de dinheiro para bens essenciais?
Vocês são excepção. E ainda bem. Se fossem todos interessados e esclarecidos como vocês e discutissem estes problemas que nos afectam a todos, então viveríamos num país (mundo) muito melhor.
Continuem a mexer-se e a discutir e espalhem a mensagem.

11:47 da tarde  
Blogger ++!++ said...

O facto de grande parte dos trabalhadores agirem da maneira que o Anonymous refere não dá nem deixa de dar qualquer legitimidade a quem quer que seja...para fazer juizos de valor sobre essas Vidas....

A política deve ser exercida sem condições nem desculpas...

Ex: Em alguns países da Europa os políticos preocuparam-se em informar os cidadãos sobre a constituição europeia com envio de cartas aos cidadãos...o que se fez por cá ? Desinformação, aproveitamento político e controlo de massas...(depreenderam que "para o país que temos" não vale a pena)

Faça uma experiência:
Imagine um presidente duma multinacional a borrifar-se para a empresa que gere só porque os seus accionistas e/ou os seus clientes "quando chegam a casa querem é ver um qualquer programa de televisão que não o faça pensar, esquecer-se do dia merdoso que passaram e depois dormir para aguentar mais um dia de trabalho. E ao fim-de-semana ver umas lojas, dar um passeio de carro e beber uns copos. Quer lá saber de mais preocupações"

Não imagina pois não ?

Porque efectivamente não é uma visão racional que crie valor e riqueza.

O mesmo se passa com Portugal,SA.

1:31 da manhã  
Blogger Cão com Pulgas said...

O Anónimo disse tudo. Quem dera que todos os anónimos fossem como ele.

8:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Anónimo como Pilatos.

10:51 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não fiz juízos de valor… e muito menos me livrei do peso na consciência como Pilatos … tb faço parte destes trabalhadores. Tive foi o privilégio de ter tido acesso a toda a educação que quis e estar rodeada de pessoas que se mexem e me abriram os olhos…
E muito menos a legitimar a atitude dos políticos actuais…
O que queria dizer é que estamos num círculo vicioso…
A crescente falta de interesse da generalidade dos cidadãos face aos assuntos do país e do resto do mundo leva a que seja possível termos políticos medíocres e demagógicos a governar-nos. E a falta de políticos que realmente se empenhem em criar melhores condições de vida para a população (saúde, educação, qualidade de vida…) e em criar uma verdadeira sociedade de cidadãos esclarecidos e que saibam pensar (criar condições para que os jovens possam estudar e não trabalhar; criar currículos escolares que formem verdadeiros cidadãos; proporcionar o fácil acesso à “cultura”, entre outros..) leva a uma população que se acomoda na sua estupidez. Sei também que a ignorância do “povo” convém aos políticos, tal como no “1984” do George Orwell, em que o Partido nem sequer temia a revolta do proletariado pois o seu acesso a informação e conhecimento era nulo, sendo apenas bombardeados com contra-informação:
“…os proletários não têm intelecto… trabalham, procriam e morrem, não apenas sem qualquer ímpeto de revolta, como sem sequer capacidade de perceberem que o mundo poderia ser diferente…”
“…mesmo quando se mostravam descontentes, como sucedia por vezes, o descontentamento não levava a coisa nenhuma, pois, desprovidos de ideias gerais, só conseguiam canalizá-lo para reivindicações limitadas e mesquinhas. Os maiores males geralmente escapavam à sua percepção.”
Quanto aos políticos…desprezo-os realmente…aos seus discursos demagógicos…à sua necessidade de atacar os adversários para camuflar a falta de ideias e intenções governativas…
Fico triste…

11:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Há muito que não passava pelo vosso blog, mas hoje tive um tempinho "morto" e vim actualizar-me.
Mulher de armas essa LILIANA, sim senhor! Como vocês muito bem disseram há falta de "Lilianas" e porque não "Lilianos" neste nosso Portugal.
O problema que ela abordou e ACORDOU para quem andava a fingir que "dormia" também a mim me mete nojo. Não sei muito bem de quem é a responsabilidade do que se passa na Marinha Grande e noutros pontos do país, mas para mim os únicos culpados são os inúteis que alimentam esta situação...JAMIS EU PAGARIA A ALGUÉM para ter direito ao meu DIREITO como cidadão que faz os seus descontos à saúde (ou à falta dela!!). É vergonhoso eu precisar de uma consulta porque realmente preciso e ter que andar a esperar dias, semanas até que consiga uma vaga... Certo dia um conhecido meu fez algo que todos deveriam fazer: ao chegar de madrugada (por volta das 5h da manhã) uma pessoa disse-lhe que já não havia vagas para o médico dele...azar! Armou tamanha confusão que foi o primeiro doente a ser atendido e o "angariador" meteu o rabo entre as pernas e foi "descansar".
Enfim, se o problema é dos políticos ou da falta de empenhamento dos proprios cidadãos, quem sou eu para ajuizar, mas que o assunto tem mesmo que ser resolvido, la isso tem! ABAIXO A INÉRCIA E O COMODISMO!!
Conta comigo Liliana! E CONTINUA A SER UMA VERDADEIRA CIDADÃ DESTE NOSSO PEQUENO PORTUGAL!!
Ponham os olhos nesta miúda...

10:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não te quis ofender com o "miúda"...ÉS muito muito mulher!!

10:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não te quis ofender com o "miúda"...ÉS muito muito mulher!!

10:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Saúde

São os lobbies, são os lobbies!!
Todos sabemos quanta força tem os Lobbies que chegam a derrubar governos e a subverter regimes políticos.
Em Portugal ainda não chegámos a tanto, mas que têm muita força , lá isso têm.
E a saúde é um destes casos, mas não é o único.
Será que o serviço de saúde está ao serviço dos doentes? Ou será que o serviço de saúde está ao serviço de alguns?
Analisemos factos.
Como se explica que há mais de 30 anos nos queixemos da falta de médicos e em todo esse tempo apenas foram criados mais 2 cursos de medicina?
Como se explica a politica do numerus clausus para os cursos de medicina anos a fio sem que se tenham criado mais vagas ou mais cursos?
Como se explica que uma significativa parte dos jovens desejem entrar em medicina, independentemente da vocação, mas pela perspectiva de uma actividade profissional bem paga?
Como se explica que haja médicos nos centros de Saúde que faltam dias a fio sem que nada aconteça?
Como se explica que um cidadão não possa escolher na clínica privada um médico das sua confiança para ser seu médico de família?
Como se explica a enorme agitação entre os “médicos de família” que aconteceu quando há uns anos atrás essa hipótese foi posta?
Como se explica que continue a haver uma forte resistência à prescrição de medicamentos genéricos?
Como se explica a reacção da Ordem dos farmacêuticos às medidas de liberalização de venda de alguns medicamentos fora das farmácias?
O que é que aconteceria se em cada centro de saúde fosse colocada uma caixa de sugestões e reclamações onde os doentes pudessem livremente e sem receios as suas sugestões e reclamações e estas informações analisadas e tratadas por uma comissão independente?
Qual seria a reacção dos Centros de Saúde se se falasse na criação de uma comissão de utentes?
E não vamos falar da negligência médica, na responsabilidade civil e criminal e em muitas outras coisas que estão mal e que vão continuar mal porque os governos não querem ou não tem força para por bem.
A saúde é um negócio chorudo em redor dos quais giram interesses muito fortes que constituem o Lobbie da Saúde.
Qual vocação, qual espírito de solidariedade humana. É certo que ainda existem alguns bons exemplos mas constituem uma espécie em extinção.
Os ideais de medicina Miguel Torga que o levaram por essa terras dos confins da Beira, que dedicaram a sua vida aos outros, que levou o conforto e o alivio dos males do corpo e do espírito, desaparecerem. Hoje novos valores se levantam, o dinheiro, a fama, o prestigio pessoal e social.
O resto é conversa da treta.
Coitados dos que sofrem e que não tem dinheiro.

9:28 da tarde  

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