quinta-feira, outubro 13, 2005

Vodka com Laranja

Trata-se de um termo que se usa nos raríssimos casos em que o compadrio, o favorecimento e a falta de vergonha falam mais alto. Fenómenos como este são tão vulgares como o eclipse total do sol, mas acontecem.
Na última festa do Avante, o candidato do PSD à câmara lisboeta apareceu sorridente pela mão do camarada António de Abreu, o mesmo Abreu que diz "Dá cá o meu" como gestor de uma empresa da autarquia da capital. Uma mão lava a outra, mas na Marinha, as mãos estão bem sujas. Nitratos, arsénico, chumbo, mercúrio que ficaram guardados do conhecimento público até oportunamente poderem ser usados, não contra o adversário mas a favor de um colega de equipa. O executivo camarário que agora começa, não sei se é mais amargo devido ao vodka marado, envelhecido em cascos de rolha, ou se são as gotas de laranja que o azedam. Fala-se de ressaca eleitoral, há quem tenha acordado no dia 10 com a boca a saber a papel de música. Para esses só tenho um conselho: Bebam água, muita água para poder engolir o sapo.

20 Comments:

Blogger MDA said...

Casos de polícia são casos de polícia. Se sabe de clientelismos, compadrios ou corrupção na Marinha ou em qualquer câmara, sugiro que faça a respectiva denúncia. Fazer luta política através de acusações deste género é pura e simplesmente desonesto e populista. E que tal elevar o nível do debate político?

11:37 da manhã  
Blogger MDA said...

Para bom entendedor...

3:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ou então para quem sabe mais... como deve ser o seu caso

4:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Está difícil de digerir…
Não bastante a Marinha, tomem lá Peniche….

Admiro os anti-comunistas.

4:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

anti-comunistas, onde? Mata.

5:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

mas ainda há comunistas?

6:35 da tarde  
Blogger ++!++ said...

"A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marrazes, Marrazes, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho?"

Excerto de FMI de José Mário Branco

..Para desanuviar o clima ....

11:46 da tarde  
Blogger carlos said...

o FMi está longe de desanuviar. Foi das únicas músicas que me fez chorar muito.

7:27 da manhã  
Blogger Cão com Pulgas said...

Marx morreu, Engels também e eu não nasci ontem.
E o Álvaro Cunhal, que apelou ao voto vendado na hora de engolir um Sapo chamado Soares, o que diria? Precisaria ele de provas, de denúncias ou de acusações para condenar coligações tácitas com a direita? Não me parece. Inteligente como era topá-las-ia à légua. Coerente como sempre foi, não alinharia na jogada. Mas Cunhal também morreu.
Se a tal aliança CDU/PSD se vier a verificar, não se juntam apenas dois ingredientes de um cocktail foleiro, combinam-se os dois projectos eleitorais menos ambiciosos. A mudança é sempre positiva e quando é para a esquerda, traz sempre uma nova esperança de uma sociedade mais justa e humana. Mas será esta esquerda tão coerente como Cunhal foi? Não será o Partido Comunista Português da Marinha Grande um partido do centro? A alternância de poder não terá dado lugar já à arrogância de poder? Sabemos que o PS se vende por um queijo limiano; que faz governos com o CDS e nunca com o partido que sempre se encontrou à sua esquerda. A arrogância de poder, que o PS possui há muito, permitiu-lhe governar a Marinha num dueto com o sempre oportuno PSD, ignorando a verdadeira oposição. Em Lisboa, os socialistas subestimaram o valor de uma coligação com a CDU e vejam no que deu.
Como é que ficam as coligações quando, ao espírito emprendedor e liberal da direita se sobrepõem os valores solidários e cooperativistas da esquerda? Que imagem transmitem aos eleitores? Que a política é apenas uma questão de oportunidade? Que não existem ideais a separar os partidos? Que isto é tudo a mesma carneirada?
Assisti ao concerto que o José Mário Branco deu em 81 no Teatro Stephens. O texto do FMI, sei-o de cor, acompanhou-me pela vida fora como uma tatuagem, a referência maior da escrita de intervenção. Entre outras coisas fala-nos de um povo analfabeto para a política que não vota e quando vota desenha um caralho no boletim. Ou então, mais fino e reinvindicativo: vota em branco.
Somos a geração que já teve direito a sobremesa. A revolução foi feita pelos nosso paizinhos. Os valores de Abril, não é filho?

2:25 da tarde  
Blogger ++!++ said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10:17 da tarde  
Blogger ++!++ said...

Cão,

Já percebi que crítica todos os partidos políticos com excepção de um. Mas não assume qual (ou faltou-me lêr esse post?). Qual é?
Diga...Diga...

Porque é que está tão preocupado com as estratégias, as coligações, as novelas, se é de esquerda, se é de direita..... Porquê ?
Será que é para defender o seu partido? Será que há uns partidos que querem um Portugal melhor e outros que o querem destruir a todo o custo? O mundo está limitado aos bons e aos maus ? Aos de esquerda e aos de direita ?

Será que é dificil aceitar/recusar racionalmente medidas quer sejam apresentadas pela esquerda quer pela direita ? Não estaremos a"vender" a nossa capacidade de raciocinio a 4 ou 5 partidos politicos em troca de um clubismo partidario autista?

Não estarão hoje em dia os grandes ideais de Humanismo e Solidariedade submetidos ao marketing político que avalia sistematciamente o grau de popularidade de cada medida tomada, condenando os partidos a venderem os seus ideais em troca de mais votos ?

Será que o mesmo POVO que votou em eleiçoes democraticas em Adolf Hitler pode ser acusado de genocídio ou de anti-democrata?

Será que o mesmo POVO que votou em eleiçoes democraticas em George BUSH pode ser acusado das guerras travadas em nome do petróleo?

Será que não podemos lutar através do voto em branco por uma melhor democracia já que nenhum partido a questiona ?

O que me diz quando os deputados do seu partido não votam em leis cruciais na Assembleia da Républica ?
Chama-lhe voto em branco, ou usa um nome mais fino e reinvindicativo : Abstenção?

Se somar todas as abstenções de todos os deputados eleitos chegará facilmente à conclusão de que
o seu voto representa muitos mais "caralhos no boletim" que o meu.

8:39 da tarde  
Blogger Cão com Pulgas said...

Caro GANA,
Pelo que vejo, a utopia de um eleitor em branco é que, do nada, surja na política alguém com vontade e capacidade de mudar. Alguém que, por telepatia, entenda a mensagem de tantos votos sem cruzinha. Alguém que os interprete como um sinal de que o povo exige transparência e zás!, a partir daí, mude a forma de fazer política em Portugal.
A minha utopia é tão somente poder contribuir para a eleição desse alguém.

PS: É pena que para arranjar argumento tenha sugerido que eu estivesse sujo de cor política. Por uma questão de honestidade intelectual perfiro não ir por aí. Logo agora que a conversa estava a ficar tão boa.

11:39 da tarde  
Blogger carlos said...

então mas ó cão, existe outra maneira de interpretar o voto em branco?

10:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sinceramente não sei. Terás que perguntar isso a quem vota em branco.

11:50 da manhã  
Blogger ++!++ said...

Cão,

Porque está a discutir o voto em branco ?

É importante não é ?

; D

12:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Não é o resultado das eleiçôes que deverá ser o tema fulcral da discussão. Mas sim o que se irá fazer com e desse resultado.

E é preocupante para o concelho que antes de se dar a conhecer as prioridades de acção já que quase nenhuma proposta concreta foi feita por qualquer das partes, se esteja já a preconizar uma "união de facto".

No passado recente do concelho (a acção do único partido que poderia ter sido o "fiel da balança") fez o mesmo que Judas, vendeu-se ao assumir um pelouro.
Durante a campanha esse mesmo elemento desse partido foi amortalhado pela sua própria gente, foi o que ouvi durante um debate no concelho.

A memória é curta e hoje estamos a assistir a mais um entretelar muito semelhante mais uma vez, o suposto "fiel da balança" preconiza mais uma "união de facto" só que desta vez, com o outro "lado". Será da sua natureza?

A leitura que faço do resultado eleitoral é talvez um pouco diferente do da maioria das pessoas, creio que os marinhenses votaram por recusa numa continuidade e não por acreditarem num programa que por sinal não existiu.Em ambas as partes.
E agora ao que parece, vão viver em união de facto, pelo menos por 4 anos.

Não tenho nada contra as uniôes de facto quando preconizadas entre pessoas, antes pelo contrário, a relação pode ser até mais salutar pela duvida do que um casamento regimentado pela certeza. Já quando estas acontecem entre partidos politicos de campos ideológicos diria que oposto, deixa-me no minimo enojado e apreensivo.


Não sou militante PSD e tão pouco CDU.
Se o fosse CDU esfregaria as mâos de contente porque mesmo não tendo obtido a tão desejada maioria se encontrou quem, a troco de algumas migalhas, a irá proporcionar.

Mas se o fosse PSD, questionar-me-ia muitas vezes o que é que está a acontecer.E a que preço é que o meu voto foi vendido.

Se fosse militante PSD perguntar-me-ia porque é que o meu partido não se mantèm independente, pois se eu quisesse ter votado CDU te-lo-ia feito, secretamente. E mais, se neste momento o partido, que tem a faca e o queijo na mão, poderia ser de uma forma muito eficaz o verdadeiro fiel da balança, viabilizando projectos, quer viessem da CDU ou do PS, que fossem de todo verdadeiramente importantes para o concelho, não mantem essa independencia. E assim o seu papel seria muito mais importante, obrigaria quer um partido quer outro pois ambos têm o mesmo numero de vereadores eleitos, a trabalharem verdadeiramente e a apresentarem projectos estruturais dos quais tanto padece o concelho. Esse deveria ser a sua acção. E essa independencia permitir-lhe-ia ser na verdade o único partido a governar o concelho. Porque entre a CDU e o PS não haverá concerteza nenhum entendimento possivel, o ressentimento de um e o ressabiamento de outro não darão espaço para que esse entendimento aconteça.

É a duvida o que numa união de facto entre pessoas mantêm acesa a chama da paixão.

Mas duvida que se instala quanto a este tipo de relação entre partidos politicos ideologicamente opostos é a de que talvez não valha efectivamente a pena militar em partido nenhum. Pela simples razão que todos reajem da mesma maneira quando pressentem no ar o mais leve e tenue cheiro a poder.

A isto chamo eu ganancia. Sim, ganancia de Poder.
E pior ainda que a ganancia só mesmo a falta de inteligencia.

2:40 da manhã  
Blogger ++!++ said...

Luís,
Acreditar que a democracia é o mesmo que aceitar uma ditadura de um partido só durante 4 anos não é demasiado redutor e retrógrado ?

Não me parece que a CDU e o PSD tenham campos ideologicos diferentes no que concerne à gestão de uma autarquia local. Tão pouco os restantes partidos políticos....

Existem sim opiniões diferente e prioridades diferentes...daí a falarmos de ideologia ainda vai uma grande distância....

Um comportamento democratico sério é aceitar o resultado eleitoral e exigir que o programa eleitoral do partido vencedor seja cumprido (por mais subjectivo que nos pareça e por menos que concordemos com ele).
----------------

Parece-me que há demasiada gente a discutir fait divers em vez de discutir o essencial : "quando" e "como" é que o programa vai estar concluído..

A CDU ganhou.
A CDU tem um programa.
A CDU tem que o cumprir.

Se cumprir com o programa nós (eleitores e políticos) teremos que aceitar esse resultado...

Esse é o único resultado que me interessa ...sem fait divers e sem discusão de cocktails.

7:55 da tarde  
Blogger Cão com Pulgas said...

Tudo está bem e não podia ser de outra forma.
É admirável a capacidade que algumas pessoas têm de ser tenazes e acutilantes quando lhes convém e pacientes e tolerantes quando assim lhes parece mais apropriado. Se a minha curiosidade não caísse mal, arriscar-me-ia a perguntar o porquê de tanta benevolência com a CDU. Mas lá diz o povo: Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.
Esperemos então que se cumpra tudo o que foi prometido. Até lá, podemos assistir a vinganças, pactos, pré acordos que resultam em péssimas soluções (ver mercado) em vez de propostas que satisfaçam os interesses das populações. Sem fait divers, mas com muitas saudades da crítica perspicaz de alguns dos nossos comentadores. Ou então não... ; )

11:09 da manhã  
Blogger ++!++ said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

8:05 da tarde  
Blogger ++!++ said...

Podem sempre lêr o mesmo texto do cão com pulgas no blog do (ex)candidato do PS.
joaopaulopedrosa.blogspot.com

às vezes era preferível votar em branco...ou então, não ?

8:08 da tarde  

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